segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

ALFABETIZAÇÃO SEXUAL


Por Néa Tauil


Não se pode negar que, em pleno século XXI, ainda existe, no Brasil, um alto índice de analfabetismo no que se refere à sexualidade, pois a educação sexual, oferecida para a população, é bastante superficial, limitada, imbuída de preconceitos, mitos e tabus. Isso é tão verdade que o Ministério da Saúde divulgou, as estatísticas, no dia primeiro de dezembro - Dia Mundial de Luta contra a Aids - mostrando que o HIV avançou mais de 50% entre a população jovem brasileira.


A resposta para essas interrogações é apenas uma: no Brasil, não existe de fato, uma educação para a sexualidade. Mas o que vem a ser Educação para Sexualidade? É uma educação que vai muito além da instrução do uso de preservativo. Ela discute e dá atenção às questões referente às variantes do comportamento sexual, à diversidade nas práticas sexuais, à identidade de gênero, enfim, às manifestações singulares da sexualidade, direito à não-violência e à igualdade para todos, independente do gênero e da orientação sexual. A Educação para a Sexualidade é cientificamente fundamentada, baseada em valores universais de respeito e direitos humanos, reconhecendo e ensinando que a sexualidade afeta a todos, produzindo efeitos importantes do ponto de vista biológico, psicológico e social, já que não está relacionada apenas com o coito, mas também com autoestima, autoconfiança, respeito, afeto, igualdade de direitos, influenciando pensamentos e sentimentos e, consequentemente a saúde física e mental. Dessa forma, ela jamais se comprometerá com normatização ou manipulação da culpa sexual.


É por isso que a Educação para a Sexualidade precisa ocupar um lugar privilegiado nas famílias, nas escolas, nas igrejas, nos hospitais, nos consultórios particulares e planos governamentais, pois só assim, o quadro estatístico que se tem hoje na sociedade brasileira no que se refere à sexualidade humana poderá ser modificado de forma positiva.


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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

PALMADA PSICOLÓGICA CONJUGAL

Por Néa Tauil

O que nos leva a mantermos relacionamentos? Acredito que um motivo importante é o desafio do crescimento e da evolução das pessoas como seres humanos, já que o encontro amoroso não acontece por acaso, pois quando duas pessoas se juntam é porque suas dificuldades são semelhantes, mesmo com histórias diferentes.

Quando o ambiente, onde o casal vive, é acolhedor, o convívio torna-se uma fonte de estímulo e aprendizado, porque é possível admitir as próprias dores e dificuldades, expressar emoções, cometer erros, assumir riscos, experimentar novas ideias, revisitar conceitos, receber e dar amor e carinho. Mas quando há afastamento afetivo entre o casal e o ambiente é ameaçador ou amedrontador, a aprendizagem, o crescimento, a troca, não acontecem.

Atualmente, é comum ouvir falar em violência conjugal, bem diferente de antigamente, em que as agressões físicas e psicológicas aconteciam de forma silenciosa, em seus ambientes domiciliares. Hoje, temos até leis para esse tipo de violência. 

São muitos os fatores que podem deflagrar tanto manifestação de palmada física quanto psicológica ou ambas. Nesse texto, pretendo focar na palmada psicológica entre casais, por ser brutal e nociva, mas também por não ser reconhecida e nem vista como é o caso da palmada física. E sabe porque não é vista? Porque os hematomas doem na alma. O que chama a atenção é que esse tipo de manipulação emocional parece ser imperceptível nas relações, pois até a própria vítima demora a perceber e compreender os efeitos destrutivos da palmada psicológica conjugal. 

Afinal, do que se trata a palmada psicológica conjugal? São agressões feitas através do uso de palavras que desqualificam e desmerecem as potencialidades do parceiro ou da parceira, que criam constrangimento, sentimento de impotência, de fracasso, enfim, que atingem o autoconceito, a autoimagem e a autoestima do outro, desqualificando-o enquanto ser humano. Ou seja, a brutalidade não está na força dos braços, mas sim na força das palavras. 

Mas por que a palmada psicológica é nociva? Porque o estresse vivenciado pelas vítimas da palmada psicológica ocasiona baixa imunidade fisiológica, delimitando todo o organismo. E ao contrário do que se supõe, o processo de adoecer causado pela palmada psicológica não se manifesta apenas por meio de sintomas físicos ou orgânicos, na verdade envolve nossa vida como um todo.

O que fazer para superar o ciclo vicioso no uso da palmada psicológica conjugal? Uma ação possível é a busca de tratamento psicológico para que o casal possa emergir para uma nova concepção saudável de relacionamento, que inclui aprender a criar espaços para o diálogo, já que a incomunicabilidade é um dos fatores que podem induzir à violência, despertar para a capacidade de simpatia e empatia, de respeito, de cuidado com o parceiro ou a parceira, enfim, repensar papéis e posturas na relação conjugal, pois o amor que promove a cura é um processo de aprendizagem e crescimento.


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terça-feira, 30 de setembro de 2014

NÃO PRECISAMOS DE CULPA

Néa Tauil

Está comprovado, pela escuta psicoterapêutica, que o número de pessoas que vivem atormentadas pelo sentimento de culpa é maior do que se pode imaginar. Afinal, o que vem a ser culpa? Culpa é o sentimento de ser indigno, inferior, mau, cheio de remorso, ruim. Ela atua para nos deixar mal com nós mesmos, fazendo pensar que não prestamos, que precisamos ser punidos, controlados ou reprimidos. Na culpa, tornamo-nos pessoas autocensuráveis, sem coragem, sentimo-nos impotentes e sem força para mudar o que não mais queremos. A culpa é altamente destrutiva, deixa-nos doentes, sem capacidade de relaxamento, de domínio, de prazer de viver, enfim, impede-nos de desfrutarmos da vida. 

Sabe-se que a culpa é uma reação emocional aprendida nas relações precoces estabelecidas com os nossos pais ou cuidadores, durante as fases do nosso desenvolvimento infantil. Há muitas situações provocadoras de culpa, as mais frequentes são as estratégias de culpabilização que os pais usam para impor limites e a maneira como tratam seus filhos frente a um erro cometido. Faz-se relevante destacar que o aprendizado se dá a cada instante, nas trocas e no modo como a criança é estimulada e as consequências ficam evidenciadas já na adolescência e, depois ao longo da vida adulta, pois os modos de interação da criança com o ambiente e vice-versa deixam registros que marcam positiva e negativamente cada fase. Por exemplo: se aprendemos que devemos receber elogios quando acertamos e nos sentir culpados e ser castigados sempre que erramos, corremos o risco de passar a vida toda tentando não errar para não sentirmos culpa e isto é impossível porque sempre haverá erros em nossa vida ou então passaremos a vida inteira nos sentindo culpados porque sempre erramos. 

A verdade é que herdamos uma enorme quantidade de crenças, normas, restrições morais com suas proibições e aprovações, conforme os valores, limites, ideias e costumes impostos tanto pela família quanto pela cultura, tornando-se assim verdadeiros produtores de culpa, mesmo não estando relacionados com a transgressão. Sabemos que há normas que devemos cumprir porque são importantes para o bom funcionamento social. Mas também sabemos que há normas que têm como base crenças rígidas, inflexíveis que quase sempre impedem possibilidades de diálogo, reflexão e discernimento, dificultando o esclarecimento e o amadurecimento emocional, servindo apenas para nos classificar negativamente. Não há bom senso, o que vale para um passa a valer para todos. As diferenças individuais, as experiências, o nível de consciência e o sentimento individual não contam. Isto é, são determinados alguns padrões de comportamento e como devem ser nossas ações com relação a eles, se procedermos de forma diferente, além de sermos castigados, deveremos carregar a culpa. Ou seja, há um modelo ideal a ser cumprido, mas acontece que esse modelo ideal sempre faz exigências impossíveis e perfeccionistas e quando percebemos, por nosso julgamento moral, que ele não foi realizado, sentimos raiva de nós, porque não somos o que queremos ser, porque não somos perfeitos, os melhores, os mais capazes do que somos, enfim, porque não somos o modelo ideal de pessoa e por não termos atendido à expectativa de alguém a nosso respeito. Além de sentir raiva de nós, também sentimos raiva do outro que nos mostra a nossa falha e nos cobra. Sabe-se que a raiva é uma emoção que não é bem aceita socialmente, por isso a tendência é reprimi-la. Mas a repressão da raiva é algo mais perigoso do que parece, pois sendo reprimida, volta-se para dentro de nós mesmos, transformando-se em culpa. A raiva reprimida é o ponto comum entre a maioria dos que padecem por sentirem culpa.

Alguns estudos têm mostrado que a culpa é um dos maiores produtores de variados tipos de doenças. Portanto, não precisamos de culpa, precisamos de responsabilidade porque responsabilidade é saber o que fazer e o que não fazer, ou seja, precisamos aprender a ser responsáveis por nossas ações e escolhas. Com certeza, temos uma porção de culpas, mas o bom é saber que do mesmo modo que aprendemos a ter culpa, podemos viver sem ela e, para isso, é preciso rever nosso aprendizado com suas falsas crenças.


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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

AUTOESTIMA SE APRENDE

Por Néa Tauil

No momento atual, em que as manchetes revelam crimes chocantes, insegurança, abuso de drogas, enfim um enorme mal-estar social, parece-me que a máxima ¨ama teu próximo como a ti mesmo¨ foi substituída pela  ¨odeie teu próximo como a ti mesmo¨.  Podemos afirmar que isso vem ocorrendo por não haver aprendizado da autoestima? Mas o que é autoestima? É algo que pode ser aprendido?

Há muitas definições para autoestima, mas todas têm em comum o conceito de amor por si mesmo. Mas o que é o amor por si mesmo? É agir amorosamente em relação à sua pessoa, satisfazer suas próprias necessidades, nutrir consideração por si mesmo, procurar ver, sentir e compreender não apenas o mundo a sua volta, mas também o seu mundo interior.

Convém destacar que essa forma de agir consigo mesmo não é algo nato do indivíduo, mas sim adquirido, aprendido. Por isso, faz-se necessário que pais ou cuidadores tenham essa qualidade, para que possam servir de modelos para os filhos e, consequentemente, para a geração posterior. O mais indicado seria  praticar autoestima desde a infância, mas isso, muitas vezes, não acontece, e você  pode fazer parte da maioria das pessoas que não aprendeu a amar a si mesmo. Se assim for, saia dessa armadilha! Nossa plasticidade cerebral permite que possamos aprender novas habilidades ao longo de nossas vidas e autoestima pode ser aprendida a qualquer momento. Dessa forma, pode-se dizer que autoestima é uma habilidade adquirida como qualquer outra. Ou seja, ela é o resultado de um processo de ensino.

É importante destacar que: quanto maior for a disposição em olhar para si mesmo, maior será sua capacidade de enfrentar a realidade com seus problemas e desafios- ao invés de ser engolfados por eles - o respeito por si mesmo só crescerá, fazendo valer seus pensamentos, sentimentos, ideias e valores. Certamente, ficará mais confiante para fazer suas escolhas, responsabilizando-se por elas. Sentir-se-á mais confortável e fortalecido para se provar diante de qualquer circunstância, seja ela boa ou má, certa ou errada. Por fim, não há duvidas disto: quando nos amamos, temos vontade de dar amor ao próximo, pois a maneira como me relaciono com os outros é a mesma como relaciono comigo mesmo.




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quinta-feira, 5 de junho de 2014

DEPRESSÃO E RAIVA: QUAL A RELAÇÃO ENTRE ELAS?

Por Néa Tauil

Uma comprovação indiscutível: tudo que passa pela mente afeta o corpo e o que ocorre com o corpo acomete a mente. Isso mostra que mente e corpo estão intimamente ligados. No transtorno depressivo, não é diferente, pois ao contrário do que muitos pensam, depressão não é uma doença de sintomas estritamente psicológicos, mas sim uma das doenças emocionais que mais ataca o corpo. Muitas pessoas não reconhecem que estão deprimidas por não associarem ao transtorno depressivo os sintomas físicos, como cansaço, alterações no apetite, distúrbios do sono, dores difusas pelo corpo, distúrbios gastrointestinais, fadiga, taquicardia, dores na coluna, dificuldade de respirar, sensação de opressão no peito, perda ou diminuição do desejo sexual, entre outros.

Além disso, pode-se constatar que o portador de depressão perde o total interesse por atividades que antes lhes eram prazerosas. Quanto à vida amorosa, sua afetividade fica embotada, a pessoa julga-se incapaz para relacionamentos íntimos. Inclusive, muitos têm até a sexualidade totalmente comprometida, tornando o sexo o último pensamento presente na mente. Com isso, a autoestima fica gravemente prejudicada, deixando a pessoa em extrema negatividade.

Como se pode ver, há muito que se falar sobre depressão, mas o objetivo aqui é focar resumidamente na estreita relação existente entre DEPRESSÃO e RAIVA - sendo esta uma doença que vem acometendo mais pessoas do que se imagina.

A experiência me ensinou que pessoas deprimidas estão sempre lutando para conter a raiva, sendo que tal ato consome uma enorme quantidade de energia, tolerar este estado por muito tempo é exaustivo, além do mais, a repressão só faz aumentar a mágoa que a originou. A pessoa deprimida, ao invés de permitir que seus sentimentos fluam com naturalidade, julga cada sentimento de raiva como prova de sua indignidade e reluta em manifestá-la.

Dessa forma, faz-se necessário atentarmos para a seguinte pergunta: por que gastamos energia, tentando reprimir nossa raiva, fingindo que não a sentimos? A resposta está na formação cultural que recebemos, que infelizmente, não considera o lado positivo das emoções e sentimentos, privilegiando apenas o negativo. Desde a mais tenra idade, ensinaram-nos que a raiva é uma emoção desprezível, que as pessoas não gostariam que você a exprimisse, que senti-la faz de nós um ser ruim, detestável, impiedoso, que pessoas boas não se enfurecem, portanto, não magoam nem ofendem ninguém, sendo que o correto é ocultá-la, por isso, aprendemos desde cedo a reprimi-la e quando a manifestamos, somos afetados por grande sentimento de culpa. Mas o que muitos não sabem é que a raiva é uma emoção vital para a nossa sobrevivência, pois ela gera a força ou a energia para que possamos superar os obstáculos e as ameaças, ou seja, é ela que todas as vezes que, na iminência de uma ameaça a nossa vida, apresenta-se para nos protegermos. A raiva é uma energia útil e prejudicial, por isso, temos que sabermos o modo como a usamos, para que possamos utilizá-la somente ao nosso favor e, não contra nós mesmos. Ou seja, o modo como a utilizamos determinará se estamos usando-a em nosso benefício ou não. Temos o poder de escolha, então podemos escolher entre manifestar nossa raiva ou reprimi-la, porém, a depressão ocorre quando há repressão dela, sendo reprimida, volta-se para dentro de nós mesmos. Isso significa que o não extravasamento da raiva, faz com que ela se volte contra nós, e a partir desse momento, passa a nos tirar o  ânimo, o prazer, o domínio, ficamos fracos, impotentes, inseguros, medrosos, enfim, perdemos a alegria. Na verdade, ao segurar dentro de si a raiva, a pessoa está se punindo.
Em virtude dos fatos mencionados, podemos constatar que a raiva não é boa nem má, depende do que fazemos com ela. Melhor do que reprimi-la, é aprender a deixar de dar as costas ao que acontece no nosso interior, conhecendo mais nossas emoções e entendendo os nossos sentimentos, para que possam funcionar a nosso favor; e não contra nós.

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quinta-feira, 6 de março de 2014

QUEM GOSTA DE SI, CUIDA-SE

Por Néa Tauil

Ao longo de mais de dezoito anos, como Psicoterapeuta, venho escutando e conversando com mulheres e homens, casais e grupos. E, embora possam ter sido impulsionados a procurar pelo tratamento psicológico, em primeiro lugar, pela depressão, medo ou ansiedade, decepção amorosa, dificuldade de relacionamento, sexualidade e assim por diante, logo a conversa mostra o quanto estão sentindo-se incomodados em relação a si mesmos o suficiente para desejarem cuidar-se e se compreender de modo novo, pois amar e cuidar de si próprio é a atitude oposta a tudo o que aprendemos a pensar e fazer. 

Fomos treinados na infância a acreditar que amor-próprio é egoísmo e que todo nosso amor e toda nossa estima deve ser focada no outro. Isso não é verdade, pois se não pudermos amar a nós mesmos, como seremos capazes de amar o outro? Para cuidar de nós, atender nossas necessidades e nossos desejos, devemos focar em nós para nos conhecer e isso não é egoísmo, é autoestima.

A autoestima é um sentimento que gera comportamentos direcionados ao eu proporcionando segurança, coragem, amor, força e capacidade. O nível de autoestima que uma pessoa manifesta influencia a saúde, o trabalho, as relações pessoais e profissionais. Amar a si mesmo é o primeiro passo para qualquer tipo de crescimento psicológico e melhora pessoal. Uma pessoa que gosta de si cuida-se, cria condições favoráveis para o bem-estar e a qualidade de vida. 

Para mim, particularmente, a psicoterapia beneficia as pessoas porque é um imprescindível instrumento para o resgate da autoestima. Como psicoterapeuta vejo da minha sala vidas individuais e familiares se transformando beneficiados pela psicoterapia. É sempre emocionante ver uma pessoa se re-situar  dentro de si mesma, encurtando a distância de seu próprio eu, desenvolvendo e explorando suas potencialidades criativas, intelectuais e emocionais, superando crenças infantis, abrindo-se para uma nova dimensão humana e trilhando confiante o caminho da maturidade através do resgate da autoestima.


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