quinta-feira, 5 de junho de 2014

DEPRESSÃO E RAIVA: QUAL A RELAÇÃO ENTRE ELAS?

Por Néa Tauil

Uma comprovação indiscutível: tudo que passa pela mente afeta o corpo e o que ocorre com o corpo acomete a mente. Isso mostra que mente e corpo estão intimamente ligados. No transtorno depressivo, não é diferente, pois ao contrário do que muitos pensam, depressão não é uma doença de sintomas estritamente psicológicos, mas sim uma das doenças emocionais que mais ataca o corpo. Muitas pessoas não reconhecem que estão deprimidas por não associarem ao transtorno depressivo os sintomas físicos, como cansaço, alterações no apetite, distúrbios do sono, dores difusas pelo corpo, distúrbios gastrointestinais, fadiga, taquicardia, dores na coluna, dificuldade de respirar, sensação de opressão no peito, perda ou diminuição do desejo sexual, entre outros.

Além disso, pode-se constatar que o portador de depressão perde o total interesse por atividades que antes lhes eram prazerosas. Quanto à vida amorosa, sua afetividade fica embotada, a pessoa julga-se incapaz para relacionamentos íntimos. Inclusive, muitos têm até a sexualidade totalmente comprometida, tornando o sexo o último pensamento presente na mente. Com isso, a autoestima fica gravemente prejudicada, deixando a pessoa em extrema negatividade.

Como se pode ver, há muito que se falar sobre depressão, mas o objetivo aqui é focar resumidamente na estreita relação existente entre DEPRESSÃO e RAIVA - sendo esta uma doença que vem acometendo mais pessoas do que se imagina.

A experiência me ensinou que pessoas deprimidas estão sempre lutando para conter a raiva, sendo que tal ato consome uma enorme quantidade de energia, tolerar este estado por muito tempo é exaustivo, além do mais, a repressão só faz aumentar a mágoa que a originou. A pessoa deprimida, ao invés de permitir que seus sentimentos fluam com naturalidade, julga cada sentimento de raiva como prova de sua indignidade e reluta em manifestá-la.

Dessa forma, faz-se necessário atentarmos para a seguinte pergunta: por que gastamos energia, tentando reprimir nossa raiva, fingindo que não a sentimos? A resposta está na formação cultural que recebemos, que infelizmente, não considera o lado positivo das emoções e sentimentos, privilegiando apenas o negativo. Desde a mais tenra idade, ensinaram-nos que a raiva é uma emoção desprezível, que as pessoas não gostariam que você a exprimisse, que senti-la faz de nós um ser ruim, detestável, impiedoso, que pessoas boas não se enfurecem, portanto, não magoam nem ofendem ninguém, sendo que o correto é ocultá-la, por isso, aprendemos desde cedo a reprimi-la e quando a manifestamos, somos afetados por grande sentimento de culpa. Mas o que muitos não sabem é que a raiva é uma emoção vital para a nossa sobrevivência, pois ela gera a força ou a energia para que possamos superar os obstáculos e as ameaças, ou seja, é ela que todas as vezes que, na iminência de uma ameaça a nossa vida, apresenta-se para nos protegermos. A raiva é uma energia útil e prejudicial, por isso, temos que sabermos o modo como a usamos, para que possamos utilizá-la somente ao nosso favor e, não contra nós mesmos. Ou seja, o modo como a utilizamos determinará se estamos usando-a em nosso benefício ou não. Temos o poder de escolha, então podemos escolher entre manifestar nossa raiva ou reprimi-la, porém, a depressão ocorre quando há repressão dela, sendo reprimida, volta-se para dentro de nós mesmos. Isso significa que o não extravasamento da raiva, faz com que ela se volte contra nós, e a partir desse momento, passa a nos tirar o  ânimo, o prazer, o domínio, ficamos fracos, impotentes, inseguros, medrosos, enfim, perdemos a alegria. Na verdade, ao segurar dentro de si a raiva, a pessoa está se punindo.
Em virtude dos fatos mencionados, podemos constatar que a raiva não é boa nem má, depende do que fazemos com ela. Melhor do que reprimi-la, é aprender a deixar de dar as costas ao que acontece no nosso interior, conhecendo mais nossas emoções e entendendo os nossos sentimentos, para que possam funcionar a nosso favor; e não contra nós.

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