domingo, 26 de julho de 2015

VIVER DE APARÊNCIAS PREJUDICA A SAÚDE

Por Néa Tauil

O relacionamento com base em aparências é uma realidade que atinge o dia a dia das relações, sejam pessoais, profissionais ou educacionais. Isso acontece porque somos rigidamente educados para estarmos sempre certos, nunca errar, manter uma imagem positiva, mostrar que somos bons, inteligentes, corajosos, hábeis, divertidos, capazes, obedientes, amorosos, etc. Como temos a necessidade desesperada de sermos aceitos, respeitados e, acima de tudo, de fazermos parte do nosso meio - consciente ou inconscientemente - vamos nos moldando pelas normas, adotando certas posturas e evitando determinados comportamentos, para agradar a família, amigos e instituições sociais, deixando nosso verdadeiro eu escondido atrás de máscaras.
processo de construção de máscara acontece durante o desenvolvimento infantil, pois nascemos inconclusos do ponto de vista emocional, cognitivo, físico e social. Após o nascimento, iremos precisar de alguém que cuide de nós, que nos dê apoio e suporte para aprender, para superar desafios que são apresentados a cada instante, como estímulos para continuar nosso desenvolvimento. Seja como for,  vamos amadurecendo, guiados pelos nossos pais ou cuidadores, que são nossos modelos e usam máscaras, conforme as normas da família e da sociedade. Assim, até chegarmos à vida adulta, passamos por um longo processo civilizatório, em que o aprendizado é intenso, contínuo, acontecendo a cada momento, nas trocas e no modo como somos estimulados na infância, dentro do nosso grupo familiar. Isso quer dizer que desde muito pequeno, fomos ensinados a repreender nossos sentimentos, nossa espontaneidade e a construir máscaras para nos escondermos atrás delas, prática essa que é repassada de geração em geração, através da família.

Nesse sentido, se vivêssemos em família e em sociedade, sem a necessidade de se esconder atrás de máscaras, não teríamos uma estrutura familiar e social doentia e perversa, inviabilizando interações autênticas e saudáveis. Mas, como as instituições sociais precisam dominar as massas para se manterem no poder, elas inventam mitos, mentiras, códigos morais com o propósito de amedrontar, manipular, subjugar e, consequentemente, moldar o comportamento dos indivíduos para melhor controlá-los. É fato que há normas que mantêm o bom andamento social, por isso, temos de cumpri-las, outras; porém, não têm o mínimo sentido, são de altíssimo potencial adoecedor, mas que  orientam modos de interagir, tornando as pessoas inseguras, desorientadas e preconceituosas, escondendo-se atrás de máscaras sociais, por não corresponderem às expectativas  da família e da sociedade em geral. Desse modo, o desequilíbrio familiar, que veio do sistema cultural, retorna para a sociedade, porque famílias desequilibradas produzirão pessoas desequilibradas, que mais tarde, terão as próprias famílias também desequilibradas interagindo socialmente, sendo guiadas não só pelo modelo ideal a ser atingido, mas também por uma gama de proibições que acabam dando origem a discriminações e preconceitos, como homofobia, racismo, obesofobia, xenofobia, psicofobia, gerontofobia, etc. causadores de sofrimento, adoecimento e morte
Não há como negar que a máscara social é uma forma de trapacear a realidade. O que muitos não sabem é que ao colocá-la, uma parte de nossa mente pode estar satisfeita, mas várias outras partes vão reagir a essa mentira, porque a mente conhece a sua verdadeira identidade. Não é por acaso que o índice de pessoas com queixa de depressão, ansiedade, compulsões, dependência química, estresse, doenças psicossomáticas e outras sobe a cada dia, pois mentir para si mesmo conduz ao adoecimento. Desse ponto de vista, podemos dizer que é inútil ficarmos esgotados por termos que cumprir tantas exigências e expectativas, escondendo-nos sob máscaras, ilusões, correndo angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, para sermos amados e aceitos. Na verdade, não é preciso ficar desempenhando papéis, ou querer ser alguém que não é, pois a melhor maneira para ser saudável e feliz é aprender a expressar o que realmente sente, dizer o que de fato se quer dizer, sem que a opinião dos outros tenha  que se sobrepor à nossa vontade. 





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