domingo, 25 de setembro de 2016

FANTASIA SEXUAL EM PERGUNTAS E RESPOSTAS


1 - O QUE É UM FANTASIA SEXUAL?
Uma fantasia sexual pode ser definida como uma imagem, um pensamento ou um drama plenamente elaborado, que passa pela nossa mente, sobretudo, durante a atividade sexual - tanto coital quanto masturbatória -, frequentemente resultando em um orgasmo. As fantasias sexuais devem ser diferenciadas dos devaneios ou pensamentos sexuais fugazes. Elas podem ser muito simples ou extremamente complexas, tenras ou sádicas e podem nos causar prazer ou dor psicológica. Em geral, mantemos nossas fantasias sexuais escondidas de nossos parceiros e até mesmo de nossos psicoterapeutas, ou de outros confidentes. 

2 - EM QUE CONSISTE UMA FANTASIA SEXUAL¨NORMAL¨?
Tendo estudado mais de 19 mil fantasias sexuais britânicas, não posso identificar uma fantasia denominada ¨normal¨. Seria fácil demais descrever como normal apenas as que envolvem o ato sexual genital amoroso com o parceiro ou esposo de longa data. Certamente, entrevistei muitas pessoas casadas e felizes que abrigavam fantasias agressivas, que de fato incluíam frequentemente seus esposos amados. Com base nos dados, devo concluir que a mente britânica contém muita diversidade e complexidade e, portanto, falar em uma fantasia ¨normal¨ talvez não faça qualquer sentido. 

3 - ANTES DE MAIS NADA, POR QUE TEMOS FANTASIAS SEXUAIS?
Realmente não sabemos como e por que as fantasias sexuais se desenvolvem. Os psicólogos evolucionistas sugerem que elas contribuem para a facilitação da excitação sexual, o que, por sua vez, ajuda a procriação. Logo, as fantasias sexuais podem exercer um papel importante e previamente não reconhecido na propagação continuada da espécie humana. Os psicoterapeutas e psicanalistas Freudianos, em contraste, afirmam que elas podem ter se desenvolvido como um meio de satisfação de desejos e de dominação de memórias intrusivas de experiências traumáticas na infância. 

4 - A QUE PROPÓSITO OU PROPÓSITOS SERVEM NOSSAS FANTASIAS SEXUAIS?
Já inumerei 14 razões distintas para fantasiarmos, abrangendo a satisfação de desejo, a dominação do trauma, a automedicação contra a dor e a elaboração do jogo infantil. Para muitos, as fantasias permanecem uma ponte infindável de divertimento e prazer; para outros, uma lembrança constante de feridas originadas na infância. Para uma grande porcentagem de indivíduos, nossas fantasias fornecem prazer e dor simultaneamente. Elas servem, sem dúvida, a uma multiplicidade de funções interrelacionadas.

5 - TODO MUNDO TEM FANTASIAS SEXUAIS?
De acordo com os psicanalistas, todas as pessoas têm estruturas de fantasias inconscientes; em outras palavras, tendências subterrâneas para ter certas preferências ou para agir de certa forma previsível ¨seja sádica, masoquista, depressiva e assim por diante¨. Na maioria dos adultos essas estruturas inconscientes de fantasias encontram uma representação em suas fantasias sexuais conscientes, que ocorrem durante a masturbação ou a relação sexual. De acordo com o Projeto de Pesquisa das Fantasias Sexuais Britânicas, pelo menos, 90% de todos os adultos britânicos experimentam devaneios que podem ou não ser de natureza sexual. Quanto às fantasias sexuais, os dados revelam que aproximadamente 96% dos homens adultos britânicos relatam ter fantasias sexuais e cerca de 90%¨das mulheres adultas britânicas também. Devemos observar que esses podem ser números conservadores, já que encontrei muitos indivíduos ao longo dos anos que professam, assim que não perguntados, não terem qualquer fantasia, porém, frequentemente durante o decorrer a psicoterapia admitirão fantasiar de uma maneira sexual. 

6 - DEVEMOS NOS PREOCUPAR SE NÃO TEMOS NENHUMA FANTASIA?
Um outro estudo seria necessário para avaliar as características de personalidade daqueles que não fantasiam. No momento, não podemos fazer uma diferenciação confiável entre os que relatam fantasias sexuais e os que não o fazem. Com base em minha experiência clinica, no entanto, observei, embora informalmente, que muitos dos que afirmam não ter fantasias sexuais podem estar lutando com fortes sentimentos de vergonha e culpa relacionados a questões sexuais e podem utilizar o mecanismo defensivo de repressão como um meio de banir todos os pensamentos sexuais da mente.

7 - DEVEMOS COMPARTILHAR NOSSAS FANTASIAS COM NOSSOS COMPANHEIROS?
Como já ressaltei, não posso fornecer uma resposta definitiva para a mais complexa das questões. Relatei casos em que os companheiros parecem ter se beneficiados da discussão de suas fantasias sexuais entre si; porém, da mesma forma, também identifiquei alguns casais que experimentaram grandes sofrimentos ao tomar conhecimento das mais verdadeiras fantasias do companheiro. Alguns casais afirmaram que arriscar revelações de tais assuntos íntimos promovem maior confiança e união emocional. Muito depende, claro, da força do vínculo preexistente do casal. Acima de tudo, deve-se refletir bem antes de decidir se compartilharemos ou não a maioria de nossas fantasias sexuais privadas.

8 - DEVEMOS COMPARTILHAR NOSSAS FANTASIAS COM NOSSOS AMIGOS?
Frequentemente, pode ser menos expositivo e mais administrável compartilhar fantasias com amigos do que com companheiros. Conheço muitos homens, por exemplo, que não hesitariam em falar sobre casos extraconjugais ou fantasias de estupro com seus amigos em um jogo de pôquer sexta-feira à noite, mas que nunca sonhariam em discutir tais fantasias com as companheiras, por medo de causar dor ou ofensa. Da mesma forma, entrevistei várias mulheres que compartilharam fantasias com as amigas, sobretudo as que envolviam homens com órgãos genitais extremamente grandes, mas que não as revelariam a seus maridos ou namorados por medo de gerar sentimento de inadequação. Embora a revelação das fantasias para um amigo possa ser um ato de grande confiança e servir para enriquecer a amizade, deve-se lembrar que as amizades podem desandar, e frequentemente desandam, promovendo, às vezes angústias paranoicas de que as promessas de confidencialidade sejam quebradas com a amizade.

9 - SERIA RECOMENDÁVEL ENCENAR NOSSAS FANTASIAS SEXUAIS COM NOSSOS AMANTES?
Encenar fantasias sexuais exige muita compaixão, criatividade e confiança por parte dos companheiros. Vi muitos casamentos acabarem quando tais encenações deram errado. Certamente, os psicoterapeutas recomendariam grande consideração antes da encenação de uma fantasia sexual, pois uma fantasia e uma realidade podem ser experimentadas muito diferentemente. Deve-se também estar preparado para algumas surpresas. Recentemente, entrevistei uma mulher que cedeu ao desejo do marido de estapeá-la e xingá-la de ¨puta¨. Quando o marido descreveu o cenário potencial, a mulher ficou excitada e consentiu. Porém, quando o casal realmente encenou a fantasia, a mulher se sentiu ¨desvalorizada¨, ¨revoltada¨ e profundamente arrependida de sua decisão. Para muitos de nós, a fantasia excita precisamente porque nunca será realizada.

10 - NOSSAS FANTASIAS PODEM SER PREJUDICIAIS OU PERIGOSAS?
Em alguns exemplos, as fantasias sádicas podem servir como degraus para ações sádicas. Meus colegas e eu, no campo de saúde mental forense, certamente reconhecemos muitos casos de pacientes cujas carreiras criminosas começaram em suas mentes. Uma vez, há anos, tive a oportunidade de entrevistar um assassino em série psicótico em um ambiente de segurança máxima. Aprendi que, antes de sua prisão, este homem conseguia fazer amor com a mulher apenas se fantasiasse que segurava um canivete. Alguns anos antes, ele realizara uma chacina, usando uma faca como arma causando muita carnificina. Claro, nem todos os exemplos são tão dramáticos quanto esse, mas em muitos outros, as fantasias podem ainda nos prejudicar, reforçando padrões de comportamento e pensamentos autodestrutivos.

11 - SE FANTASIAMOS COM SEXO ¨CONVENCIONAL¨ ISSO SIGNIFICA QUE SOMOS CHATOS?
Continuo muito impressionado com o número de pessoas que encontrei que temiam ter fantasias ¨chatas¨, sobretudo as que envolviam fazer amor com o namorado ou a namorada, o marido ou a esposa. No entanto, não encontro nenhuma correlação formal e documentável entre a riqueza da vida de fantasia e a riqueza da vida exterior (conforme medida pela fluência conversacional, a realização acadêmica e muitas outras variáveis). Do ponto de vista clínico, no entanto, descobri que muitos entrevistados que compartilhavam fantasias sexuais simples e não elaboradas eram simplórios e não articulados em seu comportamento geral; logo, pesquisa subsequentes podem talvez estabelecer um elo entre a riqueza do conteúdo de nossas fantasias e de nossa vida social, profissional e doméstica. Contudo, não posso oferecer uma conclusão definitiva a respeito desse assunto. 

12 - SE TEMOS FANTASIAS MUITO ESTRANHAS, ISSO SIGNIFICA QUE DEVEMOS SER MENTALMENTE DESEQUILIBRADOS?
Aqueles indivíduos que apresentaram fantasias muito elaboradas e complexas pareciam ser de todos os tipos diferentes. Entre os entrevistados clínicos cujas fantasias podiam ser descritas como ¨estranhas¨, não detectei nenhum traço de doença mental formal. Na verdade, o participante mais psicologicamente perturbado do grupo de entrevistas tinha, de fato, as fantasias menos complexas e intrigadas de todos os vários participantes da pesquisa.

13 - SE FANTASIAMOS COM NOSSOS COMPANHEIROS DURANTE O SEXO OU DURANTE A MASTURBAÇÃO, ISSO SIGNIFICA QUE TEMOS UM BOM RELACIONAMENTO COM ELES?
Os homens e as mulheres que fornecem provas de ter um coeficiente alto de fidelidade - em outras palavras, aqueles que regularmente fantasiam com seus esposos ou companheiros costumeiros - frequentemente, embora não invariavelmente, têm um relacionamento bom e forte. Entretanto, conheço muitos casamentos bastante sólidos nos quais nenhum dos companheiros fantasia com o outro, oferecendo portanto, prova de um coeficiente baixo de fidelidade. Da mesma forma, conheço casais com um coeficiente alto de fidelidade, que fantasiam frequentemente com os esposos que também se envolvem em múltiplos casos extraconjugais e que relatam casamentos muito amargos e estressados.

14 - SE FANTASIAMOS COM ALGUÉM QUE NÃO NOSSO COMPANHEIRO DURANTE O SEXO OU A MASTURBAÇÃO, ISSO SIGNIFICA QUE NOSSO RELACIONAMENTO PODE ESTAR COM PROBLEMAS?
Se nos encontramos envolvidos em um caso intraconjugal, isso não significa necessariamente que nosso relacionamento esteja com problemas. Contudo, o caso intraconjugal pode frequentemente ser um prenúncio de dificuldades conjugais subsequentes. Ao fantasiarmos com alguém que não nosso parceiro costumeiro, nosso inconsciente terá criado para nós uma oportunidade de examinar nosso relacionamento - uma oportunidade para indagar privada e honestamente se existem dificuldades que terão nos atirado nos braços de um amante fictício. Podemos concluir nosso autoexame satisfeitos com o conhecimento de que nosso relacionamento permanece intacto e que nosso caso intraconjugal representa nada mais que uma farra lúdica. 

15 - SE FANTASIAMOS COM ALGO ILEGAL, ISSO SIGNIFICA QUE CORREMOS O RISCO DE ENCENÁ-LO?
Felizmente, a fantasia com frequência exerce uma função refreadora extrema sobre a mente humana e, como resultado, conseguimos encapsular alguns dos aspectos mais agressivos e destrutivos de nossa personalidade no próprio conteúdo da fantasia. Falei com muitos médicos, padres, assistentes sociais, enfermeiras e outros membros das ¨profissões de assistência¨ que tiveram fantasias muito violentas as quais nunca foram encenadas e nunca serão. Se, no entanto, a fantasia se tornar perversa, em outras palavras, sádica sem mitigação, compulsivamente repetitiva e contínua, então o indivíduo corre o risco maior de acabar encenando-a. Entretanto, felizmente, mesmo aqueles com fantasias pedófilas fortes e perversas, por exemplo, com frequência evitam qualquer dano a criança na vida real. Se alguém está lutando com fantasias ¨ilegais¨ de crueldade e tortura, isso pode indicar uma dificuldade grave com a agressão, em virtude de um trauma infantil; e em tais exemplos, seria prudente consultar um profissional de saúde mental habilitado, sobretudo se essa pessoa se preocupa com a possibilidade de uma posterior encenação da fantasia. 

16 - NOSSAS FANTASIAS REPRESENTAM APENAS UMA PARTE DA DIVERSÃO PRIVADA, OU ELAS TÊM MAIS IMPLICAÇÕES PROFUNDAS NA FORMA COMO LIDAMOS COM NOSSAS VIDAS?
No capítulo 25 em que foi relatado o fenômeno ¨quarto - escritório¨, levantei a hipótese de nossas fantasias poderem determinar não apenas como abordamos as relações íntimas, mas também as vidas profissionais. Suspeito que o quarto invade o escritório mais perigosamente naqueles indivíduos com histórias de traumas que não foram processados ou tratados, mas isso pode não ser invariavelmente o caso. Para muitos, a fantasia permanece seguramente encapsulada ou integrada à mente, para que esta possa funcionar com um grau razoável de ausência de conflito.

17 - COMO EXPLICAMOS A GAMA DE FANTASIAS EXPERIMENTADAS PELOS SERES HUMANOS? EM OUTRAS PALAVRAS, POR QUE ALGUMAS PESSOAS PREFEREM BEIJOS E ACONCHEGOS ENQUANTO OUTRAS GOSTAM DE SENTIR DOR FÍSICA AGONIZANTE?
Tenho duas respostas para esta pergunta específica. Grosso modo, o conteúdo e a estrutura de nossas fantasias dependem da natureza de nossas experiências infantis. Aqueles indivíduos que experimentaram um grande trauma na infância serão mais propensos a fantasias de sadismo regulares. No entanto, alguns indivíduos com histórias horrorosas de abuso têm fantasias muito ternas, mas apenas porque, em minha avaliação, eles encenam o abuso em atividades destrutivas na vida real. Entretanto, conheci muitas pessoas com histórias relativamente estáveis que têm fantasias muito assustadoras, e devemos admitir a possibilidade de que as fantasias com tons agressivos possam resultar não apenas de trauma primário, mas também da criatividade e da capacidade de se permitir regressar a um estado mental mais primitivo, sem se fixar em um nível infantil de funcionamento. Em outras palavras, as fantasias mais agressivas e destrutivas se originam de abuso na infância, mas, em alguns casos, elas podem realmente representar uma ampliação do ser, ao adquirir a capacidade de expandir a mente para incluir toda a variedade de experiências humanas sem realmente encená-las.

18 - É POSSÍVEL TROCARMOS DE FANTASIAS?

Na maioria das vezes, meus dados clínicos indicam que as estruturas da fantasia permanecem razoavelmente constantes durante toda a vida adulta. No entanto, sei que mudanças no estado emocional do relacionamento íntimo de um indivíduo podem abastecer ou sufocar constelações de fantasias específicas. Um de meus pacientes, um cumpridor da lei, tinha muitas fantasias masturbatórias agressivas de estuprar mulheres; entretanto, essas fantasias ganhavam força somente quando ele brigava com a esposa. Durante os períodos de harmonia conjugal, o paciente parecia ter muito menos necessidade de se masturbar com fantasias de estupro. Deve-se também mencionar, talvez, aquilo que passei a chamar de ¨Complexo de Krakatoa¨, um fenômeno em que algum evento externo ou interno serve de gatilho, abrindo um mundo completamente novo de possibilidades de fantasias que estavam adormecidas, muitas vezes, por muitos anos. No entanto, temos poucos casos reportados na literatura de psicoterapia clínica sobre mudanças estruturais na natureza das fantasias masturbatórias para tirarmos qualquer conclusão embasada. A maioria dos casos relatados de tratamento psicoanalítico duradouro não narra ou explora as mudanças no conteúdo ou na frequência, ao longo do tempo, das fantasias sexuais, porque, até aqui, a maior parte dos profissionais de saúde mental evitou investigar essa área de uma forma continuada.

19 - COM QUE FREQUÊNCIA MENTIMOS SOBRE NOSSAS FANTASIAS SEXUAIS?
Em retrospectiva, gostaria de ter incluído uma pergunta dessa natureza como parte da pesquisa administrada por computador para o Projeto de Pesquisa das Fantasias Sexuais Britânicas. Não sei a resposta para ela, embora, com base em meu trabalho clínico, desconfie de que os seres humanos mentem, com muita regularidade, sobre suas fantasias. Em um número muito grande de casos, tanto em minhas entrevistas psicodiagnósticas quanto em minha prática psicoterápica com pacientes, continuo impressionado com o número de vezes em que homens e mulheres prefaciam suas discussões sobre fantasias sexuais com uma frase qualificativa: ¨Nunca contei isso para ninguém antes¨ ou ¨Não consigo acreditar que estou contando isso¨. Certamente, observei uma distinção entre as ¨fantasias verdadeiras¨ e as ¨fantasias de bar¨. Como mencionei anteriormente, um homem em um botequim compartilhando uma fantasia com amigos pode bem dizer a verdade quando relata um desejo de fazer sexo com Britney Spears, mas na maioria dos casos,  seu relato parará nesse ponto, desprovido de mais detalhes reveladores de seus desejos do que fazer na Britney Spears, ou com a Britney Spears, ou vice-versa. A fantasia sexual ainda permanece uma área de discussão relativamente tabu e, por causa de ignorância, vergonha e sigilo que ainda cercam o tópico, muitas pessoas mentem sobre o conteúdo de suas fantasias, inseguros acerca do tipo de reação que uma revelação mais honesta provocaria. 

20 - NOSSAS FANTASIAS SEXUAIS DIFEREM DE NOSSOS DEVANEIOS OU DE NOSSOS SONHOS?
As fantasias sexuais diferem dos devaneios e sonhos porque as fantasias mais sexuais envolvem material sexual explícito e culminam no orgasmo, enquanto os devaneios e sonhos não envolvem assuntos tão abertamente sexuais e não resultam em clímax. Claro, a linha entre cognição diurna e noturna e entre consciente e inconsciente pode rapidamente ficar pouco nítida. Às vezes, muitos garotos adolescentes experimentam uma ejaculação ou ¨sonho molhado¨ à noite mais poderosamente do que durante o coito ou a masturbação de dia. Uma análise mais abrangente e comparativa das diferenças entre esses estados variados da mente seria uma contribuição muito bem-vinda para os estudos psicológicos. 

21 - HÁ DIFERENÇAS ENTRE AS FANTASIAS QUE TEMOS DURANTE O SEXO COM UM PARCEIRO E AQUELAS ÀS QUAIS NOS ENTREGAMOS DURANTE A MASTURBAÇÃO SOZINHOS?
Existe uma diferença surpreendente entre as fantasias coitais, na presença de um parceiro, e as masturbatórias, na ausência de um parceiro - sobretudo, o coeficiente de fidelidade. Em outras palavras,  é muito mais provável que fantasiemos com nossos parceiros durante a relação sexual do que durante a masturbação. A complexidade de uma fantasia pode também depender da duração do ato sexual. Os que fazem sexo rapidamente podem não ter tempo suficiente para que uma fantasia detalhada se desenvolva, enquanto os que dedicam um período de tempo maior e mais voluptuoso à masturbação podem ser surpreendidos com o que pode surgir. Da mesma forma, o ato sexual prolongado pode produzir fantasias mais intrincadas e a masturbação rápida pode não exigir quase nenhuma estimulação de fantasia. 

22 - CONTROLAMOS NOSSAS FANTASIAS OU ELAS NOS CONTROLAM?
De várias formas, isso pode ser descrito como a questão-chave, assunto de muita disputa e controvérsia entre psicólogos e sexólogos. Como psicoterapeuta, conheci muitas pessoas, ao longo dos anos, cujas fantasias as perturbavam (por  causa de restrições religiosas, proibições parentais, repetições de abuso sexual no início da vida ou qualquer combinação desses fatores) e que tentavam desesperadamente apagar essas fantasias sexuais de suas mentes. No entanto, em quase todos os casos, elas continuavam a irromper na consciência, estilo Krakatoa, e  não podiam ser facilmente evitadas. Certamente, os indivíduos muito traumatizados têm muito pouco controle consciente sobre suas fantasias. Um outro paciente, que afirmava conseguir fantasiar com ¨qualquer e toda coisa¨, se descreveu como um ¨escultor erótico¨. Ele comentou: ¨Dê-me um tópico e eu o transformarei em uma fantasia, exatamente como um escultor faz com um bolo de argila.¨ Sem dúvida, algumas pessoas conseguem controlar melhor a direção de suas fantasias. Contudo, descobri que, na maioria dos casos, não conseguimos ser os arquitetos finais de nossas fantasias sexuais, por mais que o desejamos. Como um jovem paciente gay me relatou: ¨ Se eu pudesse ser hétero, eu seria. A vida seria muito mais fácil, e meus pais não me causariam tantos problemas. Mas não posso. Simplesmente não consigo fantasiar com mulheres. Então, é isso aí. ¨ Deve-se admitir a possibilidade de que, embora alguns britânicos consigam esculpir suas vidas eróticas, para muitos, são as inclinações eróticas que os esculpirão.





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Fonte: Kahr, Brett (2009). O Sexo e a Psique. Rio de Janeiro: BestSeller.
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