quinta-feira, 26 de novembro de 2015

QUANDO DIZER ¨NÃO¨

Por Néa Tauil

As pessoas incapazes de dizer ¨não¨, que ¨engolem tudo¨ e não colocam limites às solicitações externas podem estar alimentando, além de sua própria baixo autoestima, a falta de autoconfiança, pois demonstram que não conseguem valorizar suas necessidades e direitos. 

No fundo, quem desconhece as suas necessidades é porque não está dando a devida atenção a si mesmo. Ou seja, está mais preocupado com as necessidades alheias do que com as suas. Veja na história ¨O Trator e o Pântano¨, a importância de saber quando dizer ¨não¨.

Numa floresta mora um pântano que está sempre deprimido, triste e infeliz da vida. Um belo dia, um trator novinho em folha sai da linha de montagem e vai passear na floresta onde mora o pântano. O trator assobia e canta feliz por estar vivo quando chega perto do pântano.
     - Bom dia! - diz o trator - Não é um dia maravilhoso?
     - Ah! - responde o pântano. - O que há de tão maravilhoso? Estou preso aqui na parte mais escura da floresta, onde o sol nunca aparece. Estou cansado de ser pântano.
    - Gostaria de ajudá-lo - diz o inocente trator. - Posso fazer alguma coisa? - O pântano pensa por alguns momentos.
    - Bom, se quer ajudar de verdade, acho que poderia jogar um pouco de terra em mim. Assim deixarei de ser um pântano. 
     - Que ótima ideia! - exclama o trator. - Fico feliz em ajudá-lo a deixar de ser um pântano!
E o entusiasmado trator começa a cavar e a jogar terra no pântano. Passam-se algumas horas e nada acontece. O pântano começa a reclamar. 
     - Acho que você está lento demais, por isso não vejo diferença.
     - Está bem - responde o trator. - Vou cavar mais depressa. 
O dia passa e o tratorzinho começa a ficar cansado. O pântano continua do mesmo jeito que estava de manhã. E fica bravo com o trator.
     - Se você gostasse de mim de verdade, faria isso melhor.
Acho que não se importa comigo.
Até então, o trator passara o dia inteiro ajudando o pântano e se sente na obrigação de continuar. Assim, esforça-se mais apesar de estar cansado e fraco. Cava durante a noite toda, enquanto o pântano dorme, e continua na manhã seguinte debaixo das reclamações do ingrato. O trator literalmente morre de tanto cavar e começa a afundar no pântano. Não existem provas de que ele realmente esteve lá. O pântano continua pântano e espera que outro trator venha salvá-lo de seu destino.
O que o trator poderia ter feito? Se tivesse autoestima, se soubesse dizer ¨não¨ e se cuidar, poderia ter perguntado ao pântano o que estaria disposto a fazer para mudar. Poderia ter passado pelo pântano e percebido que ajudá-lo era uma armadilha perigosa. Poderia ter oferecido ajuda temporária ao pântano, etc. Em todos os casos, se o trator tivesse autoestima não daria sua vida pelo pântano. Para mudar esse final trágico para um desfecho feliz, tanto o trator quanto o pântano precisariam cuidar de si mesmos. Os pântanos do mundo devem aprender a fazer as coisas por si próprios e os tratores a deixar que os pântanos façam isso.




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Fonte: História retirada do livro O terapeuta de Bolso- Susanna McMahon - Editora Gente