segunda-feira, 25 de março de 2019

Você foi programado para AMAR OU ODIAR a sua FAMÍLIA EU?


Por Néa Tauil

Diferente do que se pensa ou se acredita, muitas pessoas sentem amor ou ódio por sua Família EU. Sendo assim, convém esclarecer que amor ou ódio não é herdado ou geneticamente determinado, é aprendido, pois tudo o que a criança absorve das primeiras experiências, dos incidentes felizes ou infelizes e condicionamentos transmitidos através do comportamento, dos sentimentos e atitudes dos pais ou cuidadores, no dia a dia, irá formatar positiva ou negativamente sua programação interna
Isso significa que o processo de construção da programação interna acontece durante o desenvolvimento infantil, pois nascemos inconclusos, do ponto de vista da Família EU ( eu físico, eu mental, eu emocional, eu sexualidade, eu espiritual, eu nutrição, entre outros). Após o nascimento, iremos precisar de alguém que cuide de nós, que nos dê apoio e suporte para aprender e superar desafios que nos são apresentados a cada fase, ou seja, alguém que nos estimule a continuar nosso desenvolvimento. Seja como for, vamos amadurecendo, guiados pelos nossos pais ou cuidadores, que são nossos modelos
Assim, até chegarmos à vida adulta, passamos por um longo processo civilizatório, em que o aprendizado é intenso, contínuo, acontecendo a cada momento, nas trocas e no modo como somos estimulados na infância, dentro do nosso grupo familiar. Por exemplo: uma criança que nasce, cresce e se desenvolve num ambiente onde é respeitada, tratada com amor, consideração e orientação honesta para viver no mundo, possui tendência a apresentar, na idade adulta, uma Família EU com características de uma programação interna positiva e saudável, que conduz ao amor por si mesmo e por tudo aquilo que tem vida ( pessoas, animais, árvores, rios, entre outros). Possui boa autoestima, acredita em seu potencial, confia em si mesmo, gosta da própria companhia, sente prazer na vida e, não a necessidade de matar, enganar, mentir, ferir a si mesmo ou tudo aquilo que tem vida, simplesmente porque não terá como tarefa inconsciente reprimir experiências de crueldade. Porém, uma criança tratada com agressão, castigo, humilhação, manipulação, negligência das suas necessidades, que foi enganada, explorada, inclusive sexualmente, etc. tende a carregar dentro de si uma Família Eu com características de uma programação interna negativa e destrutiva que conduz ao ódio por si mesmo e por tudo aquilo que tem vida. Possui baixa autoestima, não confia em si mesmo, se desmerece, achando que é feia, ineficiente, chata, incapaz, inadequada, errada, inferior, tola, culpada, má, etc. Além de ter como tarefa inconsciente, reprimir as experiências traumáticas geradas pelos abusos (físico, psicológico e sexual) que, embora permaneçam inconscientes, vão encontrar expressão na vida adulta em seus atos destrutivos contra si mesmo ou contra tudo aquilo que tem vida.
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Podemos dizer que os desequilíbrios de comportamento e de saúde dos diversos eus da Família EU têm relação direta com aspectos de uma programação interna negativa e destrutiva adquirida na infância, a partir das primeiras relações com os pais ou cuidadores, e na idade adulta, a pessoa não se dá conta de que todos os eus da sua Família EU estão sendo influenciados por sua programação interna, na forma de pensar, de sentir e de agir. 
Então, pode-se dizer que uma criança não resolve, conscientemente, que irá crescer e ser um delinquente (que lesa outras pessoas), um dependente químico descontrolado e autodestrutivo, uma vítima que se deixa abusar pelos outros, um agressor de mulheres, ou uma pessoa perturbada por transtornos de ansiedade, depressão, impulsividade, culpa, insegurança, vergonha, pensamentos suicida, dificuldade de socialização, etc. Na verdade, ela está reproduzindo a programação única e específica, da história de sua infância. É um processo semelhante a de um computador ou de um robô. Ele realiza o que está no “programa”, sendo incapaz de realizar qualquer outra tarefa.
A maior parte das pessoas não tem interesse em conhecer a história que deu origem a sua programação interna e, dessa forma, não sabe que, no fundo, a sua Família EU é continuamente determinada por ela. A programação com aspectos positivos ou negativos registrada no inconsciente (arquivo de nossas memórias, depósito infinito de experiências de vida) tem uma energia poderosa que, quando acionada, faz acontecer os fatos de nossa vida. O resultado é positivo quando acionamos uma vivência positiva e, negativo, quando acionamos uma vivência negativa. Sem dúvida, o que acontece na infância, não fica só na infância, estende -se para a vida adulta. Mas, a boa notícia é que a programação interna negativa e destrutiva pode ser modificada, reprogramada. A reprogramação acontece quando a pessoa compreende o fato perturbador e negativo de outra forma, sem traumas. Ou seja, quando o significado se modifica, as respostas e comportamentos da pessoa também se modificam.
Dessa forma, uma ação possível para dar início à reprogramação é a busca pela psicoterapia, já que, conhecer-se, ou seja, conhecer a própria Família EU e gradualmente, resgatar o amor-próprio, é o que de fato ajuda e possibilita mudar a programação negativa e destrutiva - mantenedora do ódio em relação a si mesmo, prejudicando o modo como a pessoa se relaciona consigo mesmo, isto é, com a própria Família EU e da maneira como busca manter as relações a sua volta.

Todos os direitos reservados a Julcinéa Maria Tauil (Néa Tauil)
Idealizadora do movimento social Família Eu:educando para o amor-próprio