domingo, 11 de dezembro de 2016

O INCONSCIENTE NA SUA VIDA


Por NéaTauil



Muito já se falou sobre o inconsciente, mas poucas vezes, em nossas ações cotidianas, nos damos conta de que estamos agindo regidos por ele. Estima-se que mais de 90% de tudo o que fazemos têm influência de nosso inconsciente. Por exemplo: a escolha do parceiro ou parceira, a profissão que exercemos, a cidade ou a residência em que moramos, etc. Ou seja, temos consciência de só uma pequena parte de nossas atitudes, em comparação a área de funcionamento inconsciente, que é muito mais extensa, abrangendo os fenômenos de que a pessoa, "na maior parte do tempo", não se dá conta." É por isso que Sigmund Freud - considerado o pai da psicanálise - representa essa ideia, usando a metáfora do iceberg como um modelo da mente, onde a parte que fica na superfície é o consciente, e a maior, a submersa, é o local relativo ao inconsciente. Essa metáfora pretende mostrar para as pessoas que, muitas vezes, há muito mais verdade, além do que os nossos olhos conseguem ver.

Há décadas, o inconsciente é foco de discussões a respeito de sua formação e conteúdo. Mas, as teorias de Freud ainda são referenciais importantes para os estudos do inconsciente. Freud já defendia que apenas uma pequena fração das nossas memórias encontra-se ativada, demarcando os limites da consciência. Todas as demais estão em estado latente, ou seja, escondidas. Com o avanço da neurociência, algumas ideias de Freud foram revistas e, na concepção contemporânea, o inconsciente é nada mais do que a soma de nossas memórias, é um depósito infinito de experiências de vida. Porém, a forma como as memórias serão  arquivadas, isto é, de forma positiva ou negativa, irá depender da história de vivência de cada um. 

Sem dúvida, os acontecimentos da vida de uma pessoa podem influenciar posteriormente seu comportamento e suas reações ao encarar a  própria vida, suas relações e seu posicionamento frente a elas porque, de alguma maneira, ficaram "arquivadas" em algum lugar do cérebro que, um dia, serão usadas, já que é simplesmente impossível preservar nossas memórias e conhecimentos apreendidos e ainda ter plena consciência deles. Ou seja, as informações do ambiente que vamos captando,  a todo momento através dos nossos sentidos ( audição, visão, olfato, paladar, tato, etc.) o cérebro leva para o nível inconsciente, onde tudo pode entrar no piloto automático. Isso quer dizer que durante o desenvolvimento infantil, tudo o que a criança absorver das primeiras experiências, dos incidentes felizes ou infelizes e condicionamentos transmitidos através do comportamento, dos sentimentos e atitudes dos pais ou cuidadores, no dia a dia, deixa gravações psíquicas e emocionais registradas para sempre em seu inconsciente. Isto é, a criança terá inscrito em si um padrão, características "formatadas" nessas relações fundamentais com os pais,  e na idade adulta, não se dá conta que está sendo influenciada por esses padrões, na  sua forma de pensar, de sentir e de agir. Porém, o problema são os padrões negativos e destrutivos aprendidos na relação com os pais ou cuidadores. Segundo Freud, as pessoas podem ter compulsão por repetir atitudes penosas e até buscar más situações. É a repetição do ruim, do desprazer. Ou seja, repetição dos padrões negativos e destrutivos que estão registrados no inconsciente. E o que é pior: a pessoa segue repetindo sempre os mesmos padrões negativos e destrutivos porque não consegue controlar este impulso, que volta a se repetir de forma súbita e sem controle. Infelizmente, são muitas as possibilidades de padrões negativos e destrutivos aprendidos na infância que podem criar dilemas inconscientes que acabam levando a pessoa a agir contra si mesma na idade adulta. 

Como podemos ver, o inconsciente não se manifesta na vida de cada pessoa apenas em lapsos, atos falhos ou sonhos. Na real, ele é uma força que está por trás de todas as nossas escolhas e repetições de comportamento. Entretanto, como foi dito anteriormente, a maneira como o inconsciente interfere em cada pessoa é relativo, já que leva em consideração a história de vivência de cada um, conforme as representações sociais introjetadas pela família em que está inserida. Então, não é por outra razão que o mesmo inconsciente que nos impulsiona a repetir comportamentos bem-sucedidos, leva-nos também a repetir, compulsivamente, atitudes que conduzem ao fracasso. Mas, o que fazer para deixar de repetir os padrões negativos e destrutivos que nos fazem sofrer? A melhor forma é  trabalhar - por meio da psicoterapia - as muitas questões  com as figuras de pai e mãe, traumas, conflitos, crenças, perdas  que foram inconscientizadas e trazê-las para a consciência, a fim de transformá-las em algo produtivo que possa contribuir com a pessoa, possibilitando, assim, o rompimento com os padrões negativos e destrutivos que conduzem a repetição do desprazer.



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