quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

QUANDO O ESTRESSE SE TRANSFORMA EM DOENÇA


Por Néa Tauil



Hoje em dia, fala-se muito a respeito de estresse. Todos parecem estar estressados com alguma coisa, nessa sociedade globalizada e exigente em que vivemos, onde a cobrança, tanto por resultado quanto por padrões, tornou-se cada vez mais recorrente.  Mas, por definição, o estresse é uma resposta física normal para eventos que fazem a pessoa se sentir ameaçada ou quando está sob pressão. Isso significa que o estresse é essencial para a sobrevivência humana porque produz uma reação positiva diante de uma situação ameaçadora ou de risco, motivando a pessoa a agir de maneira rápida para reverter o perigo ou o desconforto. Porém, ele pode ser desmotivador, provocar reações negativas e se transformar em doença. 

Sem dúvida, o estresse possui um lado positivo e outro negativo. E em ambos os lados, o medo está presente, já que é uma emoção  que se manifesta a partir da percepção de perigo ou de algo nocivo, gerando um comportamento defensivo. Ou seja, o medo é fundamental para nos deixar atentos e para contribuir no processo de tomadas de providências, quando surgir um momento adverso.
Certamente, a lista do medo é interminável, todos nós o experimentamos  - isso é normal - pois o medo é um sinal de proteção. No entanto, esse sentimento pode se tornar um produto da nossa imaginação. Muitas pessoas confundem alguns tipos de situações com o medo, enganando-se ao credenciá-lo como ansiedade. A ansiedade é uma espécie de medo criada pela mente. Nesse caso, há o medo do fracasso, de errar, do que os outros possam achar, de ser criticado, de sofrer, etc. Sendo que isso não tem nada a ver com sobrevivência, e, sim, com existência. Isto é, o medo está ligado a um objeto real, por exemplo, medo de ser mordido por um cachorro, ao se deparar com elePois  o animal existe e oferece "perigo", enquanto a ansiedade é algo construído pela mente, como  ocorre no caso da agorafobia (medo de lugares públicos e amplos, onde possa haver aglomeração de pessoas). Ao contrário do que possa parecer, o que está em jogo nesse caso não é o temor da multidão em si, mas a antecipação do risco que pode se configurar. O certo é, ao ficar com a obsessão de que algo ruim poderá acontecer, antecipando o encontro com a situação ou objeto que poderá causar algum mal, a pessoa viverá em constante estado de alerta. E é em decorrência disso que o perigo realmente aparece, porque o cérebro não distingue perfeitamente a imaginação da realidade; nossa fisiologia responde ao que foi projetado no interior de nossa mente (nossa imaginação). 

Isso quer dizer que a reação do corpo diante do perigo real e imaginário é a mesma? Sim, pois como foi dito anteriormente, o estresse é uma resposta física normal para eventos que fazem a pessoa se sentir ameaçada ou quando está sob pressão. Então, ao sentir perigo - seja ele real ou imaginário - as defesas do organismo disparam em alta velocidade em um processo rápido, automático, conhecido como a reação "lutar ou fugir" ou reação ao estresse. Dessa forma, quando a pessoa percebe a ameaça, seu sistema nervoso reage com a liberação de uma inundação de hormônios do estresse, incluindo a adrenalina e cortisol. Esses hormônios despertam  o corpo para ações de emergência.  O coração acelera, os sentidos  são aguçados, os músculos contraem,  as glândulas funcionam diferentemente, a pressão arterial sobe, a respiração encurta. Estas alterações físicas aumentam a força e o vigor, acelera o tempo de reação e aprimora o foco - preparando a pessoa para lutar ou fugir do perigo.  Porém, no medo real, após passar o perigo, o corpo retorna ao seu estado normal, mas no medo imaginário, mantém-se o estado de alerta constante, com isso, chegando ao estresse.

É fato que o estresse faz parte do sistema de mecanismo fisiológico dos homens e animais, que é fundamental para a nossa sobrevivência, sendo gerador de adrenalina. Também, favorece a produção  de cortisol, um hormônio estressor, que ativa as repostas do corpo em posições desfavoráveis, seja elas quais forem (perigo real ou imaginário). O cortisol tem papel importante no organismo e é necessário para manter o equilíbrio físico, porém, quando existe excesso no sangue, deixa de ser útil e começa a causar grandes danos a saúde. Em outras palavras, o mesmo processo cerebral que auxilia a sobrevivência, protegendo o organismo em momentos de estresse agudo, contribui para o seu adoecimento em momentos de estresse crônico.

Podemos afirmar que o estresse não é uma doença. Torna-se, quando passa a ser excessivo (frequente tensão, vigilância em demasia, querer controlar tudo, exigências e preocupações pessoais e profissionais, pressões, comprometimentos exagerados, etc.) desencadeando sofrimento tanto psíquico como físico. Os sintomas psíquicos mais comuns são: memória fraca, introspecção, isolamento, tiques nervosos, desmotivação, irritabilidade, autoritarismo, etc). E os sintomas físicos mais comuns são: indigestão, dores de cabeça, alergias, insônia, diarreia, mudança de apetite, esgotamento físico, gastrite, taquicardia, etc). Além, é claro, dos riscos mais graves, como depressão, infarto, obesidade e muitos outros.

Diante do que foi visto, percebe-se que é extremamente importante conseguir lidar com o estresse e até evitá-lo, já que, quando deixa de ser protetivo e  ultrapassa o limite do que realmente é necessário, gera graves prejuízos. Portanto, a melhor alternativa é a prevenção. Isso quer dizer que se a pessoa vai periodicamente ao médico(a) é necessário ir também a um psicólogo(a) para fazer uma avaliação frequente das suas emoções, relacionamentos, traumas, projetos  de vida, frustrações, vitórias, tomar consciência  dos medos que são reais e dos que são imaginários, entender quais são suas principais necessidades, metas, etc. pois é fato que o autoconhecimento e a autoaceitação podem atuar como agentes para preservar tanto o corpo quanto a mente de certos desconfortos.



Todos os direitos reservado a Julcinéa Maria Tauil (Néa Tauil)
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