terça-feira, 3 de março de 2015

A INFÂNCIA AFETA A VIDA ADULTA?

Por Néa Tauil



Todos desejam uma vida plena, com saúde, prosperidade, relacionamentos satisfatórios, autoestima elevada, trabalhos gratificantes, enfim, uma vida com mais momentos de alegria. Isso é perfeitamente possível, desde que se tenha uma mente livre, flexível, e não presa a um sistema de crenças mentirosas que impedem a pessoa de assumir o que realmente é, o que deseja e, sobretudo, o que sente.

O contrário do que se pensa, muitas pessoas vivem infelizes, amarradas a esses tipos de crenças limitantes. E por que isso acontece? A resposta para essa interrogação é a seguinte: nós, seres humanos, nascemos inconclusos, nosso desenvolvimento se dá através do que  aprendemos, pelos modelos observados e por todas as experiências vivenciadas dia a dia, principalmente na infância.

Em proporções maiores ou menores, todos nós, durante nosso desenvolvimento infantil, aprendemos a acreditar em crenças falsas, que são repassadas de geração em geração. E como se dá esse aprendizado? Resumidamente, isso acontece da seguinte forma: por sermos muito pequenos, e ainda não termos formadas uma série de aptidões emocionais, cognitivas, físicas e sociais para discernir mentiras e verdades acerca do que nos é repassado pelos nossos pais ou cuidadores, aceitamos tudo como verdade absoluta, que por sua vez, ficam registradas em nosso inconsciente, alterando a percepção de nós mesmos. Isso quer dizer que as crenças em que acreditamos não passam de opiniões de outras pessoas que aceitamos e incorporamos sem sequer serem questionadas. Porém, se não trouxermos, para o nível da consciência, essas crenças falsas, viveremos regidos por elas na vida adulta.

Afinal, que tipo de crenças falsas aprendemos? São muitas e; em diversas áreas de nossa vida, entre elas podemos citar: " tenho que ser perfeito para ter valor", " tenho que agradar os outros", ¨dinheiro é causador de sofrimento", "preciso da aprovação das pessoas" , " não consigo fazer nada sozinha" ,  " trabalho só tem valor se for duro", " eu sou fraco, o outro é forte", " meu valor é determinado pelo que possuo ", " posso controlar tudo que existe fora de mim", " está errado amar a mim mesma", " expressar minha verdadeira sexualidade é perigoso", " tenho que ser superior a todos", "devo fazer sempre mais e melhor para ser perfeito", "lazer é perda de tempo", não posso cometer erros para manter a imagem positiva", "nunca devo me arriscar", "tenho que esconder o que sinto", "devo ser sempre obediente e nunca questionar", "amor me deixa vulnerável", " é errado errar".

Como se vê, eu poderia facilmente relacionar centenas dessas crenças mentirosas que mantêm a nossa mente arraigada na negatividade, emperrando nossa vida. Isso quer dizer, que em essência, as crenças mentirosas limitam e prejudicam o viver de uma vida plena, feliz e bem sucedida, pois são elas que roubam a dignidade e o respeito por nós, levando-nos a ter vergonha do nosso ser como um todo, justamente porque esses tipos de crenças não permitem a expressão de nossa personalidade com seus pontos fortes e fracos. Para sentir a totalidade de nosso ser e reconhecer o que significa ser humano, precisamos integrar dentro de nós os pontos fortes e os fracos. Agora, como tudo na vida é treino, aprendizagem, nós somos treinados na infância a mostrarmos apenas os pontos fortes da nossa personalidade. Isso explica porque na vida adulta, passamos a nos esconder atrás de uma infinidade de máscaras para sermos aceitos e amados pela nossa família, amigos ou outras pessoas importantes para nós, pois o condicionamento a crenças mentirosas nos fez acreditar que devemos nos apresentarmos aos outros, apenas com nossos pontos fortes, já os fracos devem ser escondidos, pois se mostrarmos o lado falho, diferente e imperfeito da nossa personalidade de algum modo, seremos rejeitados, marginalizados e rotulados. No entanto, o que muitos não sabem é que quando negamos, reprimimos, ou nos recusamos a reconhecer esse lado da nossa personalidade devido às crenças mentirosas que carregamos sem questionar, ficamos vulneráveis para que se manifeste de maneira autodestrutiva, prejudicando nossa vida, pois o que reprimimos por medo, vergonha ou culpa são como bombas-relógios, esperando para explodir, ou seja, inconscientemente, nós mesmos iremos criar oportunidades para nos ferir, quando queremos parecer o que não somos.

Praticamente todos os dias, no consultório, eu ajudo pacientes a se conscientizarem e se libertarem de suas crenças mentirosas, ajudando reaver as partes de si que foram negadas, reprimidas para que possam redirecionar o seu poder anteriormente destrutivo para uma força que pode beneficiar suas vidas. Isso significa que não precisamos continuar a contar mentiras para nós mesmos, mas para isso temos que verificar quais as crenças que nos impedem de ter êxito nas diversas áreas de nossa vida, para que possamos fazer uma higiene psíquica, isto é, jogar fora o que não serve mais para nós.




Psicoterapia Beneficia as Pessoas! http://psicologaneatauil.blogspot.com


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7 comentários:

  1. Um texto precioso. Parabéns por doar os seus conhecimentos em prol da qualidade de vida da humanidade. beijo

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Parabéns! Muito bom o texto!
    Somos o reflexo do chão que pisamos, do meio e das pessoas com as quais convivemos.
    Eternos seres inacabados e imperfeitos, passíveis de erros e acertos, uma vez que o certo e o errado, a mentira e a verdade... andam lado a lado. Carregamos crenças negativas e traumas de infância que precisam ser elaborados e isso só é possível com ajuda e muito exercício. Felizes aqueles que possuem acesso a profissionais qualificados, assim conseguirão trabalhar a auto estima, o amor próprio... transformando-se em pessoas melhores e mais prósperas.

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    1. Que comentário brilhante, querida Gelci Nyland! Sou imensamente grata pela sua manifestação, pois está contribuindo para que outras pessoas também possam refletir sobre a influência da infância na vida adulta. Valeu! beijo

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  4. Pessoas que vivem atrás de suas próprias "mentiras-verdades"

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